Acusado
pelos judeus de violar o sábado, Jesus afirmou que "... o sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte
que o Filho do homem é Senhor também do sábado" (Mc 2.27,28).
Com
estas palavras, Jesus defende o princípio moral do quarto mandamento do
Decálogo, condenando abertamente o cerimonialismo, e revela a sua autoridade
divina sobre o sábado, para cumpri-lo, aboli-lo ou mudá-lo. O sentimento moral
é a necessidade de se descansar um dia por semana, valendo, para esse fim,
qualquer deles.
Sobre
esta questão, escreveu o apóstolo Paulo: "Um faz diferença entre dia e
dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em
sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia, para o Senhor o faz"
(Rm 14.5,6).
Os adventistas do sétimo dia dividem a Lei em
várias partes. As três principais divisões são: Lei Moral e Lei Sanitária (às
quais chamam também de Lei de Deus) e Lei de Moisés, que é a parte
cerimonial da Lei. Crêem que as Leis Morais e Sanitárias não foram abolidas por
Cristo, por cujo motivo afirmam que nós, os cristãos, temos que abstermos do
roubo, do homicídio, do adultério, da carne de porco, de bagre etc. Porém crêem
que Cristo aboliu a Lei de Moisés (ou Lei cerimonial), e que, portanto, não é
necessário observarmos a páscoa, o pentecostes, a circuncisão, os sacrifícios
de animais, etc.
Os adventistas guardam o sábado semanal porque crêem que OS DEZ MANDAMENTOS são,
sem exceção, morais, embora não ensinem que os mandamentos morais estejam
contidos somente no ¹Decálogo. Sim, eles crêem que os mandamentos morais estão
distribuídos em toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse; e que o Decálogo é uma
síntese dos mesmos.
Para se ver que de fato os adventistas dividem a Lei em Lei de Moisés e Lei de
Deus, basta ler o panfleto intitulado Leis em Contraste, editado pela CPB_Casa
Publicadora Brasileira, que é a editora deles. Também o livro adventista
intitulado Subtileza do Erro, tenta nos convencer que a Lei Sanitária está de
pé. Não queremos condenar os sabatistas por guardarem o sábado, pois a Bíblia
diz categoricamente que os cardápios e os dias da semana não devem separar os
cristãos. Mas a grande maioria dos adventistas, com os quais temos
dialogado, não pensa assim. Pudemos ver claramente que eles têm dúvidas da
salvação dos evangélicos que não guardam o sábado. E isso é perigosíssimo!
Ninguém será condenado por Deus pelo fato de guardar ou não este ou aquele outro
dia, mas quem acha que a inobservância do sábado ou de qualquer outro dia, leva
à perdição eterna, está, em franco desrespeito para com a tolerância recíproca
que o Espírito Santo recomenda aos membros da Igreja, fazendo do sábado a sua
tábua de salvação e se autocondenando. Senão, vejamos:
“Ora,
ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. Um
crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. Quem come
não despreze a
quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o
acolheu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele
está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.
Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um
esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia,
para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus;
e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós
vive para si, e nenhum morre para si. Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos;
se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos,
somos do Senhor. Porque foi para isto mesmo que Cristo morreu e tornou a viver,
para ser Senhor
tanto
de mortos com de vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por
que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de
Deus. Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se
dobrará todo joelho, e toda língua louvará a Deus. Assim, cada um de nós dará
conta de si mesmo a Deus.
Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito
não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei; e estou certo no Senhor
Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o
considera; para esse é imundo. Pois, se pela tua comida se entristece teu
irmão, já não andas segundo o amor. Não faças perecer por causa da tua comida
aquele por quem Cristo morreu. Não seja, pois, censurado o vosso bem; porque o
reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na
alegria no Espírito Santo. Pois quem nisso serve a Cristo agradável é a Deus e
aceito aos homens. Assim, pois, sigamos as coisas que servem para a paz e as
que contribuem para a edificação mútua. Não destruas por causa de comida a obra
de Deus. Na verdade tudo é limpo, mas é um mal para o homem dar motivo de
tropeço pelo comer. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer
outra coisa em que teu irmão tropece. A fé que tens, guarda-a contigo mesmo
diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que
aprova. Mas aquele que tem duvidas, se come está condenado, porque o que faz
não provém da fé; e tudo o que não provém da fé é pecado” (Rm. 14, Versão
Revisada)
Guardando ou não o sábado, se nos valermos unicamente da cruz de Cristo,
seremos salvos; e conhecemos muitos sabatistas que pensam assim também, e com
estes temos mantido plena comunhão espiritual.
O Sábado no Novo Testamento?!
Os
adventistas alegam que o Novo Testamento manda observar o sábado; e, para
“provarem” isso, citam várias passagens neotestamentárias, das quais
consideraremos algumas neste tópico:
a)
Lc. 23.56b: “E no sábado descansaram, segundo o mandamento”. Alegam os
adventistas que o fato desta referência bíblica constar do Novo Testamento
prova que os cristãos primitivos consideravam a guarda do sábado um mandamento.
Mas, se este “argumento” fosse válido, deveríamos praticar a circuncisão e os
sacrifícios de animais, pois está escrito em Lc 2.21-24 (e, portanto, no Novo
Testamento também), que José e Maria circuncidaram a Jesus e ofereceram os
sacrifícios em obediência ao que determina a Lei do Senhor;
b)
Lc. 4.16: “... entrou num dia de sábado, na sinagoga, segundo o seu costume
...”. O fato de Jesus ter o costume de ir às sinagogas em dia de sábado,
não prova que nós, os cristãos, tenhamos que fazer o mesmo, pois Gl. 4.4-5 diz
que Ele nasceu sob a Lei, para resgatar os que ESTAVAM (no passado) sob a Lei;
logo, Jesus fez coisas que nós não precisamos fazer. Ele participou da páscoa
(Mt 26. 7-9). Por que os sabatistas não observam a páscoa também? Os sabatistas
têm visão de águia, para enxergarem textos bíblicos que parecem favorecê-los,
mas não vêem os textos que, com clareza, refutam as suas doutrinas. Por
exemplo, está escrito que Jesus quebrantava ou violava o sábado (Jo 5.18); esta
referência diz que as razões pelas quais os judeus queriam matar a Jesus eram
duas: 1a.) Ele, dizendo que Deus era o Seu próprio Pai, se fazia igual a Deus;
2a.) Ele violava o sábado. O contexto diz que Jesus MANDOU um homem transportar
o seu leito em dia de sábado, e isto é, de fato, quebrar um dos mandamentos da
Lei, já que até acender fogo no dia de sábado era proibido (Ex. 35.3);
c)
Os sabatistas adoram citar At 13.14,42,44; 17.2 e outras passagens bíblicas,
nas quais encontramos os apóstolos Paulo e Barnabé indo às sinagogas, aos
sábados, para evangelizar; pensam eles que o faziam aos sábados porque
guardavam o sétimo dia da semana em obediência à Lei de Deus. Mas a verdade é
que os apóstolos estavam aproveitando a oportunidade. Aos sábados os judeus se
reuniam nas sinagogas, e contatá-los lá era prudente. Além disso, os apóstolos
estavam dispostos a até mesmo guardar o sábado, se isso se fizesse necessário à
salvação dos judeus (I Co. 9.19-23). A prova disso é que o apóstolo Paulo fez o
voto de nazireu, prescrito em Nm 6.1-21, isto é, ficou cabeludo (?) e depois
rapou a cabeça (At 18.18); circuncidou Timóteo (At 16.1-5); e esforçou-se para
passar o dia de Pentecostes em Jerusalém (At. 20.16). Por que os adventistas
não rapam suas cabeças, não se circuncidam e observam a festa de Pentecostes,
já que o apóstolo Paulo fez todas estas coisas? À luz de I Co. 9.19-23, Paulo
fez isso para não escandalizar os judeus ignorantes e assim ganhá-los para
Cristo. Ora, Paulo não guardou o sábado, mas se o tivesse guardado, ninguém
poderia se valer disso para dizer que é da vontade de Deus que a Igreja o
observe ainda hoje.
d)
I Jo. 5.3; Ap. 12.7. É verdade que o Novo Testamento diz que temos que guardar
os mandamentos, mas estes mandamentos não são os do Antigo Testamento. Logo,
esta “base”, sobre a qual os adventistas se apóiam, também não é sólida;
e)
II Co. 3.14 diz categoricamente que o Velho Testamento está abolido por Cristo;
mas os adventistas citam Mt. 5.17,18 para “provarem” que a Lei Moral está de
pé. A verdade, porém, é que Cristo aboliu toda a Lei, ou seja, todo o
Pentateuco, incluindo o Decálogo. Mas como entender isso? Da seguinte maneira:
Quando Jesus disse que “até que o Céu e a Terra passem, nem um i ou um til,
jamais passará da Lei até que tudo se cumpra”, não estava dizendo que a Lei não
passaria e, sim, que só passaria depois de cumprida. O sábado, a circuncisão, a
páscoa, o Pentecostes, o jubileu, a lua nova, etc., passaram, depois de Cristo
os cumprir na cruz. Que passaram está claro, pois até os sabatistas sabem
disso, visto que eles também não guardam os preceitos acima, com exceção do sábado,
o que é incoerência;
f)
Os sabatistas alegam que Mt. 5.17,18 é uma referência à Lei moral, e não à Lei
Cerimonial; isto dizem para guardarem o sábado e o cardápio judaico, sem
observarem os demais preceitos da Lei e não passarem por incoerentes. Mas
a palavra “lei” na Bíblia se refere a todo o Pentateuco. Por exemplo, em Lc.
2.23 se diz que os sacrifícios de animais constam da Lei do Senhor; e este
preceito é um dos mandamentos morais?;
g)
Em Ap. 1.10 está exarado que o apóstolo João foi arrebatado no dia do Senhor.
Os adventistas acham que esse dia é o sábado, mas na verdade trata-se do
domingo. A questão é que, embora o Novo Testamento não determine nenhum dia de
guarda, os cristãos primitivos, por livre e espontânea vontade, decidiram
dedicar o primeiro dia da semana a Deus, em comemoração à ressurreição de
Cristo que, segundo a Bíblia, ocorreu no primeiro dia da semana (Mc. 16.9).
O fato de a Bíblia mostrar os cristãos primitivos celebrando a Santa Ceia do
Senhor e separando suas ofertas aos domingos (At. 20.7; I Co. 10.1,2), é algo a
que apegarmos. Por que faziam isso aos domingos? O que há de especial nesse
dia? Nada, certamente, pois esse dia é um dia como outro qualquer; porém, nele
ocorreu algo mais importante do que a criação do Universo, a saber, o triunfo
de Cristo sobre a morte e a nossa justificação (Rm. 4.25). Porque Cristo
ressuscitou no domingo, eles tinham predileção por este dia; porque tinham
predileção por este dia, nele se reuniam; e porque nele se reuniam, a
celebração da Santa Ceia e o ofertório nele se concretizavam.
Como se pode ver, os adventistas estão “bem” calçados. Dividindo a Lei em três
partes (moral, sanitária e cerimonial) e dizendo que as leis morais e
sanitárias ainda estão de pé, eles conseguem ser incoerentes sem que aparentem
sê-lo. Guardam apenas uma parte da Lei e dizem que quem o faz somos nós, que
não guardamos o sábado; porém, a verdade é que nós não guardamos a Lei, nem
parcial, nem integralmente. Nós estamos noutra; nós estamos no Novo Testamento.
E o Novo Testamento não é o Velho Testamento remendado, consertado, reformado,
pintado, etc. Não! O Novo Testamento não é o Velho Testamento transportado de
lá para cá. O Novo Pacto é novo. Nós nos abstemos do furto, do homicídio, da
idolatria, da feitiçaria, não porque o Velho Testamento proíbe estas coisas e,
sim, porque o Novo Pacto que Cristo fez com a Igreja contém estes deveres; caso
contrario, seríamos tão incoerentes quanto os adventistas. Saibam os
adventistas que a Igreja tem um novo “não matarás” e um novo “não adulterarás”.
O “não adulterarás” do Novo Testamento é diferente do “não adulterarás” do
Decálogo. O “não adulterarás” do decálogo só proibia a cobiça à mulher do
próximo. O decálogo não proibia a um homem casado de namorar outras mulheres _
desde que estas fossem ou solteiras, ou viúvas, ou divorciadas _ , pedir suas
respectivas mãos em casamento e casar com elas. Logo, o decálogo permitia o que
o Novo Testamento proíbe, sob pena de condenação eterna. Isto prova que Deus
nos deu sim, um novo “não adulterarás”, já que o primeiro não retratava a
vontade absoluta de Deus, e sim, a Sua vontade permissiva. Além disso, o
decálogo não dava às mulheres o direito de também se casarem com vários homens
simultaneamente. É óbvio que essa discriminação era uma adequação ao sistema
Patriarcal de então, demonstrando apenas a vontade permissiva do Senhor. Salta,
portanto, aos olhos que o Antigo Testamento, do qual o Decálogo era parte integrante,
era apenas a base de algo melhor que estava por vir: o Novo Testamento. Neste,
Deus não dá às mulheres o direito de ter muitos cônjuges, visto que um erro não
justifica o outro, mas tira do homem o direito de fazê-lo.
Temos também na Nova Aliança um novo “não matarás”. Deveras o “não matarás” do
Novo Testamento é diferente do “não matarás” do Antigo Testamento. Na vigência
da Lei de Moisés, matar pecadores como adúlteros, blasfemos, feiticeiros,
idólatras, profanadores do sábado, etc., não era homicídio. No Novo Testamento,
porém, quem executar qualquer desses pecadores, estará cometendo assassinato e,
portanto, pecando. Então, o nosso “não matarás” não permite o que o “não
matarás” dos judeus permitia. O Novo Testamento não privou o Estado de usar a
força policial, mas esta medida só é justificada quando em defesa da ordem
pública e/ou para manutenção da soberania nacional (Rm 13:1-7).
A Lei de Deus sempre foi santa, justa e boa, mas às vezes Ele não legisla sobre
um determinado assunto para, deste modo _crêem renomados teólogos _ levar o
homem a concluir por si mesmo que tal situação sobre a qual Ele se silenciou,
não é o melhor para nós. É o caso da poligamia e do concubinato que nunca foram
ordenados por Deus, mas tolerados durante séculos, até que Deus deu um basta a
essa permissividade. A partir daí, ter mulheres secundárias (isto é,
concubinas), sejam elas escravas ou cativas, como as tiveram Abraão, Jacó,
Davi, etc., é ser adúltero (1Tm 3:2; 1Co 7:2). Logo, o nosso “não adulterarás”
proíbe o que o “não adulterarás” dos judeus permitia, o que prova que Deus não
transportou para o Novo Testamento, o “não adulterarás” da Lei, mas sim, que
nos deu um novo “não adulterarás”, distinto e diferente do “não
adulterarás” do Velho Testamento. Sim, distinto e diferente. Distinto
porque não é o mesmo, e diferente por que não é igual (perdoe-me esta
redundância que só exibe o óbvio).
(No capítulo seguinte damos maiores informações acerca do que dissemos nos
últimos quatro parágrafos acima).
Os adventistas alegam que, se a Lei moral tivesse sido abolida de fato, os
evangélicos estariam livres não só para não observar o sábado, mas também para
matar, roubar, caluniar, prostituir etc.. Mas eles esquecem que a “Lei de
Cristo” (1Co. 9.21), sob a qual está a Igreja, proíbe a prática dessas coisas.
Os cristãos não se prostituem em obediência ao Pacto de Deus com os judeus e,
sim, em obediência à Nova Aliança celebrada entre Cristo e a Igreja (1Co. 9.21;
Hb. 12.24). Além disso, a Lei de Cristo está plasmada na alma do cristão,
tornando-se mais um princípio do que um conjunto de normas.
Nenhum mandamento do Velho Testamento foi
transportado para o Novo Testamento. Muitos (não todos) foram repetidos, mas
nenhum foi transportado de lá para cá. Repetimos: “O Novo é novo”; os preceitos
do Novo Testamento existem independentemente de terem ou não existido no Antigo
Testamento. Qualquer semelhança é mera coincidência (veja maiores informações
sob o cabeçalho O Sábado e os Coríntios).
. O Sábado:
Moral ou Cerimonial?
O quarto mandamento do Decálogo era moral e cerimonial ao mesmo tempo. O lado
moral deste mandamento é a necessidade que todos temos de descansarmos
periodicamente, para recuperarmos os desgastes do labor da vida. E o lado
cerimonial é o fato desse descanso ter que ocorrer precisamente no sétimo dia
da semana. Por que no sétimo? Se descansarmos ás quartas-feiras, não estaremos
também nos repousando um dia, a cada sete?
A necessidade de cessarmos nossas atividades seculares pelo menos um dia por
semana para, entre outras coisas, intensificarmos a adoração a Deus, é um
princípio moral que, sem dúvida, está de pé. O cristão só não tem é a letra
desse mandamento, pois além de constar de uma lei que a cruz de Cristo tornou
obsoleta, não consta da Nova Aliança. Assim sendo, sempre que for possível,
paremos com os nossos afazeres e rendamos culto ao nosso grande Deus. E ao
fazermos isto, se possível, optemos pelo primeiro dia da semana, para
comemorarmos a maravilha incomparavelmente superior à criação do Universo, a
maravilha da ressurreição de Cristo, a qual nos justifica para com Deus (Rm
4.25). É evidente que o Deus que “descansou” com a conclusão da criação do
Universo, “descansa” muito mais com o milagre que nos justifica para consigo; e
assim sendo, é justo que façamos festa, ombreando-o nas comemorações. Porém,
não nos sobrecarreguemos de regrinhas, transformando o domingo numa espécie de
sábado. Lembremos que o Novo Testamento não manda guardar dia algum. O primeiro
dia da semana tornou-se conhecido entre os cristãos pelo nome de “dia do
Senhor”, porque os cristãos o observavam, e não por determinação divina.
Como já dissemos, permanece de pé o princípio moral de se descansar amiúde;
mas, como já salientamos, não precisamos nos atazanar, caso isso fuja das
nossas possibilidades, pois este tema não possui valor salvífico. Sim, pois
como todos sabemos, precisamos não só de descanso semanal, mas diário também.
Não obstante, já trabalhamos 35 horas consecutivas, e o fizemos sem nenhum peso
de consciência, pois sabíamos que estávamos respaldados pela Bíblia (I Ts. 2.9;
2T 3.8).
Ora, assim como é certo e salutar dormimos pelo menos 8 horas a cada 24 horas,
mas, se por uma razão qualquer isso não for possível, Deus não nos condenará
por isso, se por um motivo qualquer, não nos for possível cultivarmos o
merecido repouso semanal, não nos deixemos abater. Lembremo-nos que temos algo
incomparavelmente superior ao descanso semanal, a saber, o descanso espiritual
(do qual o sábado semanal era uma sombra, Cl. 2.16-17) nos braços eternos e
onipotentes de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Mt 11.28). Este é o
verdadeiro sábado e é ininterrupto.
O Sábado e o Dia do Senhor
Afirmamos repetidas vezes que o Novo Testamento não manda guardar dia algum.
Porém, sabemos que alguém poderá objetar, alegando que Ap. 1.10 menciona “O dia
do Senhor”. “Que dia era esse? Precisamos saber”, dirá alguém, “pois está claro
que o Senhor ainda tem um dia”. A resposta a esta alegação é que como já vimos,
a Bíblia mostra que os cristãos do século I tinham predileção pelo primeiro dia
da semana (At. 20.6,7, I Co. 16.2); e a História Eclesiástica deixa claro que
nos séculos II e III os cristãos tinham como dia de guarda o domingo, ou seja,
o primeiro dia da semana. É oportuno relembrarmos que eles o faziam
impulsionados pelo Espírito Santo, e não em obediência a uma lei escrita. Sim,
o Novo Testamento não registra este mandamento.
Pois bem, Ap. 1.10 se explica assim: De tanto os cristãos primitivos se
reunirem no primeiro dia da semana, se convencionou entre eles identificar este
dia com uma nomenclatura especial. E o nome dado foi “Dia do Senhor”. João
chamou este dia de “Dia do Senhor” apenas porque este era o nome pelo qual este
dia era conhecido.
Etimologicamente, o significado do vocábulo “domingo”do grego te kyriake hemera, ( te kyriake hemera), é
“dia do Senhor”. E nós, embora sabedores disso, chamamos o primeiro dia da semana
de domingo, apenas para identificá-lo, pois como já está claro, o consideramos
como um dia qualquer. E, certamente, João o fez pela mesma razão. No inicio do
século III Tertuliano chegou a afirmar que “nós [os cristãos] nada temos com o
sábado, nem com outras festas judaicas, e menos ainda com as celebrações dos
pagãos. Temos a nossa própria solenidade: o Dia do Senhor, pó exemplo, e o
pentecoste” (On idolatry 14). Encontramos um testemunho muito interessante na
obra siríaca O ensino dos apóstolos, que dada da segunda metade do século III,
segundo a qual os apóstolos de cristo foram os primeiro a designar o primeiro
dia da semana como o dia do culto cristão. (Ante-nicene fathers, 8668).
Ainda sobre o domingo como dia de festa semanal da Igreja, veja o que
escreveram os seguintes Pais da Igreja:
• Barnabé:
"De maneira que nós observamos o domingo com regozijo, o dia em que
Jesus ressuscitou dos mortos".
• Justino
Mártir: "Mas o domingo é o dia em que todos temos nossa reunião
comum, porque é o primeiro dia da semana, e Jesus Cristo, nosso Salvador, neste
mesmo dia ressuscitou da morte".
• Inácio: "Todo aquele que ama a
Cristo, celebra o Dia do Senhor, consagrado à ressurreição de Cristo como o
principal de todos os dias, não guardando os sábados, mas vivendo de acordo com
o Dia do Senhor, no qual nossa vida se levantou outra vez por meio dele e de
sua morte. Que todo amigo de Cristo guarde o dia do Senhor!"
• Dionísio
de Corinto: "Hoje observamos o dia santo do Senhor, em que lemos sua
carta".
• Vitorino:
"No Dia do Senhor acudimos para tomar nosso pão com ações de graça,
para que não se creia que observamos o sábado com os judeus, o qual Cristo
mesmo, o Senhor do sábado, aboliu em seu corpo".
Constantino
e o Sábado
Segundo
a História Eclesiástica, o imperador Constantino publicou um edito, sancionando
o primeiro dia da semana como o dia que os cristãos devem observar. Os
adventistas argumentam à “base” disso que os cristãos observavam o sábado, mas
Constantino impôs o domingo. Porém, se examinarmos a Bíblia e a História com
honestidade, veremos que os cristãos observavam o domingo, e que Constantino,
querendo agradar os cristãos, transformou isso em lei, legalizando deste modo o
que os cristãos já vinham fazendo, mesmo sem uma lei que os amparasse.
Gostamos de apoiar as doutrinas que esposamos unicamente nas páginas da Bíblia.
Mas como os sabatistas se julgam apoiados pela História Universal ao guardarem
o sábado, informamos que, pelo contrário, a História mostra claramente que os
cristãos dos séculos II e III observavam o domingo antes de Constantino
sancioná-lo. São muitos os registros, mas neste livro registraremos apenas um: Justino Mártir: “Mas o domingo é o dia em que
todos temos a nossa reunião comum, porque é o primeiro dia da semana e Jesus
Cristo, Nosso Salvador, neste mesmo dia ressuscitou da morte” (Sei
tas
e Heresias, Um Sinal dos Tempos, CPAD, pg. 73, Raimundo F. de Oliveira).
O
Sábado na Eternidade
Is 66.23 diz “que, de uma festa da Lua Nova à outra e de um sábado
a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR” ( Almeida
Atualizada, grifo nosso). Geralmente os adventistas se servem deste versículo
para “provarem” que o sábado será observado até mesmo na Nova Terra, ou seja,
na eternidade, o que, segundo eles, é evidência de que o sábado é um mandamento
eterno. Mas, o que este texto está dizendo é que na eternidade a adoração será
ininterrupta, e nada mais. Doutro modo teríamos que observar a Lua Nova também,
visto que o texto em questão afirma de igual modo que os adoradores adorarão de
“uma Festa da Lua Nova à outra”.A Bíblia diz, por exemplo, que os
perdidos serão atormentados de dia e de noite (Ap 20. 10). Entretanto, disso
não podemos inferir que vá existir dia e noite no inferno. Todos entendemos
que, neste caso, o trecho bíblico em pauta está apenas dizendo que o tormento
será contínuo.
Para
concluir, Escreve o apóstolo Paulo: "Ninguém, pois, vos julgue por causa
de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso
tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.
Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos
anjos, baseando-se em visões, enfatuado sem motivo algum na sua mente carnal, e
não retendo a Cabeça, da qual todo corpo, suprido e bem vinculado por suas
juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus" (Cl
2.16-19).