MORTE E SALVAÇÃO DOS INFANTES
No caso das crianças que morrem na infância, é bem provável que tenham sido poupadas de uma vida de tragédias, sofrimentos e dores atrozes, por terem partido cedo desse mundo. Talvez seja simplista demais declarar que todas as que morrem em tenra idade, só por essa razão, têm a garantia de um lugar no céu, como se os benefícios salvíficos do calvário de alguma forma lhes fossem imputados, sem que haja uma resposta de fé da parte delas. Essa doutrina constitui um potente encorajamento a que os pais matassem seus filhos antes que atingissem a idade da razão, em que deveriam prestar contas a Deus, como se esse fosse um caminho seguro de chegar no céu.
Imaginemos que está sendo efetuada uma corrida com dez lances, para ver qual é a melhor explicação acerca do que acontece àqueles que morrem ainda na infância. Nessa corrida, há oitos atletas que são os seguintes:
1. LIMBO
2. O INFERNO DO CALVINISMO
3. A IDADE DA RESPONSABILIDADE
4. A NÃO-ENTRADA OU NÃO CRIAÇÃO DAS ALMAS
5. A CONTINUA OPORTUNIDADE DA IGREJA ORIENTAL
6. OS NÍVEIS EXISTENTES NO HADES
7. A REENCARNAÇÃO
8. UM CORREDOR DESCONHECIDO
1. LIMBO
O catolicismo romano, procurando solucionar o problema da morte dos infantes e da questão da justiça, tem se mostrado relutante em enviar tais almas para o inferno. Porém, também não se tem disposto a enviá-las para o céu. Visto que tais almas parecem ficar, naturalmente, dentro de uma categoria indefinida, por isso mesmo o catolicismo romano criou um lugar especial para essas almas excepcionais. O limbo é imaginado como um lugar de felicidade e utilidade, mas não onde se possa ter a visão beatifica de Deus. Esse ponto de vista foi inventado com o propósito especifico de solucionar um enigma. Naturalmente, as escrituras sagradas fazem o mais completo silêncio sobre esse imaginário lugar.
A doutrina católica romana asseverava que os infantes batizados pela igreja, que morrem na infância, estão em segurança, e que a suas almas vão para o céu , e não para o limbo. Somente os infantes não batizados é que iria para o limbo. E os adultos que não são responsáveis pelos seus atos, como os mentalmente deficientes, também iriam para o limbo, de acordo com a teologia católica.
2. O INFERNO DO CALVINISMO
Os calvinistas radicais não encontram qualquer problema diante da morte de infantes. Visto que Deus já escolheu, antes do nascimento de cada pessoa, qual é o destino de cada um (o céu ou o inferno), faz bem pouca diferença quando uma pessoa morre. Se alguém é um não-eleito, então automaticamente é enviado para o inferno. Apesar do primeiro capitulo da epistola aos romanos poder ser empregado como texto de prova do ponto de vista do calvinismo radical, muitos evangélicos têm relutado em apelar para essa passagem da bíblia. Esse primeiro capitula de Romanos ensina o que a nua justiça de Deus seria, se ele a quisesse aplicar. Porém, a começar no terceiro capitulo dessa epístola, Paulo diz-nos que a justiça divina não é nua. O amor e o propósito de Deus, no evangelho, transcendem a uma justiça nua. A verdade da questão é que o oposto da injustiça não é justiça, e, sim, o amor. Essa é outra maneira de dizer que a justiça de Deus jamais se manifesta sem estar revestida pelo amor e pela misericórdia divina. Sua justiça nunca é nua.
3. A IDADE DA RESPONSABILIDADE
Os protestantes e evangélicos de todas as denominações aceitam essa outra invenção: as almas dos infantes que morrem vão para o céu, visto ainda não terem atingido a idade da responsabilidade. Esse é um conceito impossível, e uma criação não menos forjada que o limbo dos católicos. Os teólogos não aceitam a passagem de II Samuel 12, 23 como um texto de prova viável para a noção d que a alma do filho infante de Davi foi para o céu. Nenhuma doutrina dessa envergadura poderia estar fundamentada em uma declaração como essa, no Antigo Testamento. Se as almas do infante que morre vão para o céu, simplesmente por terem morrido, então há duas maneiras de uma pessoa ser salva. Porem, as almas, e não os corpos, é que são pecadoras.
Os pecadores não podem chegar ao céu sem se encontrem com cristo e escolherem voluntariamente o seu caminho. Por conseguinte não pode haver coisa alguma de automático quanto ao transporte de almas para o céu, sem importar a idade em que as pessoas morrem. Não há nenhum ensinamento bíblico que favorece tal conceito. Na verdade, não existe qualquer ensino bíblico acerca do problema do que acontece às almas cujos corpos físicos morrem na infância. Uma alma não é um infante. Ela é um poder espiritual, moral e intelectual como qualquer outra alma, embora sua permanência em um corpo físico seja extraordinariamente breve. Toda alma precisa tomar suas próprias decisões. Nenhuma alma pode ganhar um transporte gratuito par o céu, meramente porque seu corpo físico cedeu diante da morte biológica. Isso contradiz duas importantes doutrinas bíblicas: a responsabilidade moral e a necessidade de um encontro com Jesus cristo e de escolher ou não o caminho.
Acresça-se a isso a questão da justiça. Poderíamos considerar justo que algumas almas cheguem ao céu meramente porque os seus corpos físicos duraram apenas alguns momentos, enquanto que outras almas tiveram o infortúnio de ultrapassar dos sete ou oito anos de idade, tornando-se assim pessoas responsáveis? O meu argumento é que todas as almas, sem importar por quanto tempo seus corpos físicos perduram ,são respostáveis. Por conseguinte precisam enfrentar a Cristo, às suas reivindicações e ao seu evangelho, para tomarem a sua própria decisão acerca do seu próprio destino eterno.
4. A NÃO ENTRADA OU NÃO CRIAÇÃO DAS ALMAS
Temos aqui duas idéias, que podem ser combinadas uma com a outra por serem similares. Imaginamos o seguinte caso: uma alma que já existe está em vias de encarna-se em um corpo humano. Mas a alma sabe que aquele corpo morrera ainda bem jovem. A fim de evitar a consternação de uma breve viagem, a alma simplesmente não entra no corpo. Tal corpo nasce sem alma, vive por alguns dias e morre. Nesse caso de mortalidade infantil não haverá qualquer problema, porquanto nenhuma alma jamais esteve associada àquele corpo. O corpo foi apenas uma entidade animal, e não um verdadeiro ser humano. Este pensamento, porém, levanta uma serie de problemas. O principal problema é que teríamos um bom numero de infantes e de crianças que não são seres humanos, em outras palavras elas não serão seres mortais- imortais, ao mesmo tempo conforme são todos os seres humanos, por definição.
Imaginemos outro caso: Deus está preste a criar uma alma para um corpo físico, que devera nascer. Porém, Deus sabe que aquele corpo humano não perdurara por muito tempo. Assim sendo, Deus acaba não criando uma alma para aquele corpo. Dessa maneira, obtém-se o mesmo efeito que aquele descrito no primeiro caso, embora provocado por um ato diferente.
5. A CONTINUA OPORTUNIDADE DA IGREJA ORIENTAL
A morte de um infante deveria ser considerada como um incidente relativamente sem importância visto não exercer qualquer efeito sobre o destino espiritual da alma. Uma alma humana que habitasse um corpo físico débil, simplesmente mudar-se –ia para alguma dimensão espiritual , onde, finalmente , teria a oportunidade de conhecer os fatos sobre cristo e aceitar ou rejeitar o seu evangelho. Dessa maneira, seria responsável por seus próprios atos, no mesmo sentido e no mesmo grau que o seria qualquer outra alma humana. Não receberia qualquer privilegio especial, mas também não sofreria qualquer prejuízo por haver-se associado a um corpo físico apenas por um breve tempo. Se aceitarmos esse ponto, teremos evitado o limbo dos católicos romanos, afirmando que o limbo católico romano é permanente, ao passo que um mundo de renovadas oportunidades espirituais, acordo com as igrejas orientais, não é um lugar dominado pela estagnação. As almas confinadas ao limbo jamais podem avançar para a salvação e nem podem terminar no hades.
6. OS NÍVEIS EXISTENTES NO HADES.
Suponhamos que diferentes gradações de julgamento requeiram a existência de vários níveis de confinamento no hades, ou, talvez, varias esferas de julgamento que coletivamente, sejam chamadas de hades. Ora, visto que as almas são pecadoras, então qualquer alma liberada de seu corpo físico (por haver morrido na infância), necessariamente terá de ir a um lugar de julgamento.
Agora as almas estão no hades. Devemos pensar que elas ficarão ali para sempre, estagnadas naquele nível de rebaixamento? Ou devemos pensar que elas terão a oportunidade de encontrar-se com cristo, ou com um de seus missionários no hades, a fim de poderem tomar uma decisão negativa ou positiva? E, tomarem uma posição positiva, serem preparadas para o céu?
7. A REENCARNAÇÃO
A. A REECARNAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO COMO UMA CRENÇA POPULAR.
É uma tradição antiqüíssima entre os judeus que Elias haveria de voltar ao mundo, antes do aparecimento do messias, quando teria outra missão terena. O que a maioria das pessoas não sebe é que era uma doutrina sincretista padrão, entre os judeus do período entre o antigo testamento e o novo testamento, que muitos dos profetas do antigo testamento teriam mais de uma missão sobre a terra. Esse conceito transparece em Mateus 16: 14 Jesus era um grande mestre e uma poderosa figura profética. O que as pessoas de sua época diziam sobre a sua identidade? Algumas pensavam que ele seria Jeremias, ou algum outro dos profetas do antigo testamento. S acompanharmos essa declaração nos comentários, admite que a reencarnação era uma crença popular entre os judeus da época de Cristo.
John Gill, por sua vez, acompanha essa crença nos escrituro rabínicos. Trechos bíblicos, como provérbios 8:22-31 e Jeremias 1:5 eram interpretados como se ensinassem a preexistência da alma. Josefo informa nos especificamente que a reencarnação era uma doutrina ensinada tanto pelos essênios quanto pelos fariseus. No nono capitulo do evangelho de João quando os discípulos indagaram a Jesus por causa do pecado de quem certo homem nasceu cego, quando também sugeriram que talvez fosse por causa do pecado do próprio cego, eles estavam aludindo a reencarnação, conforme afirmam quase todos os comentários. Naqueles dias, aparentemente devido a influencia da doutrina dos fariseus, os apóstolos chegaram admitir a reencarnação como um acontecimento comum entre os homens. Posteriormente talvez tenha deixado de crer nesta idéia.
Alicerçados nessa referencias, obtemos a idéia de que o conceito da reencarnação era uma crença comum entre os judeus dos tempos de Jesus, uma crença compartilhada por muitos judeus cristãos. Porem, não se trata da mesma coisa que um dogma ou um artigo soteriológico de fé.
B. A REECARNAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO COMO UM DOGMA
Somos informados de que o anticristo voltara do hades e se reencarnara (Ap 11:7; 17:10,11) alguns documentos cristãos muito antigos , designavam Nero como o homem que deveria ser esperado de volta do hades, como o anticristo. William Newell, em sua exposição sobre o livro de Apocalipse, aceitava essa idéia. Além, disso as duas testemunhas mencionadas em apocalipse 11,3 conforme muitos estudiosos seriam Moises e Elias, reencarnados. Porem é tempo perdido tentar provar, mediante o Novo Testamento, que a reencarnação generalizada seja uma verdade. Se isso tiver de ser provado, terá de sê-lo com documentos fora do novo testamento.
Voltemos ao problema. Imaginemos esse caso: - Uma alma entra em um corpo. Esse corpo vive por dois anos, e então morre. Em vez de partir para ficar no céu, no inferno, no limbo ou em alguma outra dimensão espiritual da existência, mediante a vontade de Deus, é determinado que essa alma seja recambiada a terra, para ocupar outro corpo físico. Em outras palavras, aquela alma reencarna. Essa resposta envolve certa simplicidade que chega a ser atrativa e que evita todas as contorções e especulações teológicas que caracterizam as idéias anteriores. Entretanto a simplicidade não é, necessariamente, sinal de verdade. Nem sempre a verdade é simples. Sela como for, a reencarnação ocupa lugar entre as possíveis racionalizações. Ela não é uma resposta bíblica; mas as outras possibilidades também não o são. Trata-se de mais um atleta na pista
8. UM CORREDOR DESCONHECIDO
Devemos crescer no conhecimento da verdade, e onde não tivermos conclusões certas, poderemos esperar alguma resposta melhor, que nunca antes fora considerada. Talvez até agora essa resposta esteja completamente fora do alcance de nossa experiência e conhecimento. Porem pode haver nessa corrida um atleta desconhecido, capaz de esclarecer a questão. Talvez haja uma resposta oculta nos conselhos de Deus, que possa preencher o vácuo com que nos defrontamos no que tange a essa questão.
Bibliografia
Geason Archer- Enciclopédia de dificuldades Bíblicas
R.N Champlim- Enciclopédia de Filosofia e Teologia
Bibliografia
Geason Archer- Enciclopédia de dificuldades Bíblicas
R.N Champlim- Enciclopédia de Filosofia e Teologia
Um comentário:
Olá Lucas,
Li sobre a salvação das crianças, achei muito interessante todas as supostas respostas, no meio da leitura, me perguntei: "nossa! será que a resposta sobre a salvação das crianças é a reencarnação?"....rsrsrs..... mas continuei lendo, e fiquei mesmo com a alternativa 8 "um corredor desconhecido", afinal há muitas coisas ocultas conforme Dt 29.29a, mas como você mesmo escreveu: “Porém pode haver nessa corrida um atleta desconhecido, capaz de esclarecer a questão”.......Espero que se você descobrir algo mais sobre esse “atleta desconhecido” poste no blog, esse assunto de salvação das crianças é interessante e muito polêmico.
Continue crescendo na graça e no conhecimento, Admiro você! Que Deus abençõe hoje e sempre!
Obs.: EU TE AMO!
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