Texto Base: Lucas 19:1-3
Enquanto estava a
caminho de Jerusalém, Jesus contou a seus discípulos o que aconteceria lá, mas
eles não conseguiram compreender o que seu Mestre dizia (Lc 18:31-34).
Alguns dentre a multidão pensavam que estava se dirigindo a Jerusalém a
fim de libertar Israel do domínio de Roma e de dar início ao reino de Deus.
Outros o seguiam simplesmente para ver qual seria o próximo milagre que
realizaria. Neste capítulo, Lucas volta sua atenção para a verdadeira
identidade de Jesus ao apresentá-lo em um triplo ministério.
O cenário que contemplamos é no mínimo curioso. Uma população alvoroçada
pela presença de Jesus que passava por Jericó. A multidão o apertava e
comprimia, querendo tocar no Senhor, querendo uma benção, um milagre, uma
solução… Lá estava também um homem que vivia naquela região, um homem rico de
pequena estatura, chefe dos cobradores de impostos, seu nome era Zaqueu, o
Publicano.
O nome Zaqueu significa
"o justo", mas esse supervisor de coletores de impostos não fazia jus
a seu nome. Por certo, a comunidade judaica em Jericó não o considerava justo,
uma vez que não apenas arrecadava impostos do próprio povo, como também
trabalhava para gentios impuros! Além do mais, os publicanos tinham a fama de
recolher mais impostos do que era devido; quanto maior sua arrecadação, maior
sua renda (Lc 3:12, 13). Ainda
que, aos olhos dos judeus, Zaqueu não passasse de um traidor, aos olhos de
Jesus era um precioso pecador perdido. É interessante ver as transformações pelas quais
Zaqueu passou naquele dia em decorrência da visita de Jesus a Iericó.
1- Uma Multidão à frente de um
necessitado.
A bíblia diz que este homem desejava ver quem era Jesus, mas era
impedido pela grande multidão que estava próxima de Jesus e pela sua pequena
estatura.Nós vamos analisar um pouco a vida que Zaqueu vivia naquela sociedade,
o tipo de homem que possivelmente ele era, mas não é este o foco desta palavra.Alguns comentaristas dizem que
havia naquela época um ditado em Israel: “Um Publicano vivo vale menos que um cachorro morto.” Alguns publicanos converteram-se ao cristianisno,
entre os quais Mateus. (Mt 9:9) deixou o ofício para tornar-se apóstolo e como
cada peixe gera os de sua espécie, creio que muitos mais se convertaram através
de Mateus.“Publicano é o nome dado aos coletores de impostos nas províncias do
Império Romano.Buckland afirma que havia duas espécies de publicanos: os publicanos gerais que eram
responsáveis pela renda do império, frente ao Imperador, e os publicanos
delegados por estes em cada província. Os que eram considerados pelas “suas
rapinas e extorsões, como ladrões e gatunos” seriam as classes inferiores dos
publicanos, sendo que para tal, os publicanos gerais nomeavam nas províncias
entre os próprios da nação a ser tributada. Destarte, eram odiados entre os
judeus, um judeu que cobrava impostos para nação dominadora. Ainda segundo Buckland,
uma virtude sobre eles residia, não eram hipócritas, como alguns fariseus que
se denominavam vigilantes da lei mosaica, e não admitia que se comesse a mesa
com um publicano.” (Wikipédia)É neste cenário que vivia Zaqueu, que não somente
era um Publicano cobrador de impostos ele era o chefe deles. Quando algum
cobrador de impostos ia cobrar os cidadãos, possivelmente eles diziam: Zaqueu nosso
chefe nos mandou cobrar seus impostos.
Você consegue então imaginar o ódio que aquela população nutria por Zaqueu?
Possivelmente ele era um homem que quando passava as pessoas chegavam a virar o
rosto e a cuspir, pois o consideravam um tremendo pecador, uma pessoa
desprezível e indigna de convívio social. Talvez tentando se aproximar de Jesus
tenha recebido muitas cotoveladas daquela multidão que estava ao redor, o
broqueio era impenetrável o cerco à Bênção (Jesus)
2- Uma Multidão Egoísta e Convencida.
Era uma multidão de pessoas em campanha, com um
desejo enorme de serem abençoados por Jesus, talvez tenha se espalhado a
notícia de que quem estivesse à frente de Jesus quando ele passasse seria curado,
liberto, restaurado, abençoado com toda a sorte de Bênçãos. Então imaginamos os
gritos frenéticos das pessoas dizendo: Jesus de Nazaré olha para mim, etc! Para
aquela multidão que corria atrás das suas bênçãos não importava mais ninguém,
eles queriam ser abençoados e não estavam preocupados com mais ninguém a não
ser consigo mesmos… Eram crentes egoístas Eram crentes em Jesus sim! Mas,
crentes sem visão, egocêntricos perseguiam Jesus pensando somente em si mesmos Disse o Senhor:“…levantai
os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa.” (João
4:35)A Igreja só poderá ver os Zaqueus ao seu redor quando tirar os olhos de
seus próprios umbigos e levantar a visão para olhar mais longe.Esse é o
espírito que sempre moveu a Igreja de Cristo, o desejo ardente de sempre
conduzir o pecador o necessitado até Jesus, não impedir a chegada deles até o
Senhor.A Multidão do tempo de Zaqueu também era convencida de que Jesus era
somente para eles, para lhes atender seus caprichos e necessidades..
3- Jesus despreza esta Igreja Egoísta.
A. Um homem tornou-se uma criança (vv. 2-4).
No Oriente,
não era comum um homem adulto correr, especialmente um funcionário
público de posses. Zaqueu, no entanto, correu pela rua como um garotinho
seguindo um desfile e até subiu numa árvore! Sem dúvida, a
curiosidade é uma das características da maioria das crianças e, nesse
dia, Zaqueu deixou-se levar por sua curiosidade. Como escreveu
João Calvino: "A curiosidade preparação para a fé". Muitas
vezes, é exatamente isso o que acontece e, por certo, foi o caso
de Zaqueu. Por que havia tanta gente ali? Quem era esse Jesus de Nazaré
a quem seguiam? O que estou perdendo? Jesus disse: "Quem não
receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma
entrará nele" (Lc 18:17). Talvez o orgulho
seja o maior empecilho para os "bem-sucedidos" crerem em Jesus
Cristo.
E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de
vê-lo, porque havia de passar por ali.(Lucas 19:4)
B.
Um
homem pequeno tornou-se grande
(vv. 7, 8). Não era culpa de Zaqueu ser "de pequena
estatura" e não conseguir ver acima da multidão. Fez o que estava a seu
alcance para superar essa desvantagem, colocando sua dignidade de lado e
subindo em uma árvore. Em termos espirituais, todos nós somos "de pequena
estatura", pois "todos [pecarnos] e [carecemos] da glória de
Deus" (Rm 3:23). Ninguém é capaz de
atingir os parâmetros elevados de Deus; somos todos "pequenos demais"
para entrar no céu. Infelizmente, muitos pecadores consideram- se
"grandes". Medem sua estatura segundo parâmetros humanos - dinheiro,
cargos, autoridade, popularidade -, coisas que são "abominação diante de Deus"
(Lc 16:15). Acreditam que têm tudo, quando, na verdade, não têm
coisa alguma (Ap 3:17). Zaqueu creu em Jesus
Cristo e se tornou um verdadeiro "filho de Abraão", ou seja, um filho
da fé (Rm 4:12; GI 3:7). É
impossível ser maior do que isso!
Jesus tinha
uma grande missão e o alvo de Jesus era um Zaqueu que jamais imaginava que
Jesus o conhecia pelo nome. Jesus chega debaixo do sicômoro e o chama!
Um homem que
procurava foi encontrado
(v. 5). Zaqueu pensou que estava procurando Jesus (Lc 19:3),
mas, na verdade, era Jesus quem o procurava (Lc 19:1
O)! Não é próprio da natureza do pecador perdido buscar o Salvador (Rm 3:11).
Quando nossos primeiros antepassados pecaram, esconderam- se de Deus,
mas ele foi procurá-los (G n 3: 1-10). Jesus procurou os
perdidos enquanto ministrava aqui na Terra, e hoje o Espírito Santo usa a
Igreja para continuar a buscar os pecadores. Não sabemos de que maneira Deus
trabalhou no coração de Zaqueu a fim de prepará-lo para esse encontro com
Jesus. Será que Levi, um ex-publicano (Lc 5:27-39), era um de seus
amigos? Será que havia falado a Zaqueu sobre Jesus e orava por Zaqueu? É
possível que Zaqueu tenha se cansado de suas riquezas e começado a
ansiar por algo melhor? Não temos como responder a essas perguntas, mas podemos
nos alegrar com o fato de que o Salvador, que procura os perdidos, encontrou um
pecador em busca de um recomeço.
Que surpresa não foi para aquela grande multidão que Jesus desse atenção
para um desprezível Publicano e em seguida, deixando todos para estar com
aquele homem que todos odiavam ao invés de amar. Aquela multidão ficou
indignada por se sentir desprezada por Jesus. “Ao verem isso, todos murmuravam,
dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador” (Lc 19:7) Uma multidão com uma grande fé, mas sem
nenhuma visão. Quando Jesus deixa esta multidão ele estava dando uma lição e de
alguma forma mostrando sua visão de que ele deixa tudo por uma Ovelha perdida.
A Igreja de Jesus é Igreja de Inclusão! Jesus ama os excluídos!
C.
Um
homem pobre tornou-se rico (vv.9, 10).
O povo pensava que Zaqueu era um homem rico, mas, na verdade, era apenas
um pecador falido que precisava receber de Deus a dádiva da vida eterna, o
presente mais precioso do mundo. Esse é o único caso nos quatro Evangelhos em
que vemos Jesus se convidando para ir à casa de alguém e, com isso, ilustrando as palavras
de Apocalipse 3:20. Zaqueu não foi salvo
porque prometeu fazer boas obras, mas sim porque respondeu pela fé ao convite
bondoso de Cristo. Depois de crer no Salvador, demonstrou sua fé prometendo
indenizar todos a quem havia defraudado. A fé salvadora vai além das palavras
piedosas e dos sentimentos devotos. Cria uma relação viva com Cristo que
resulta em mudança de conduta (Tg 2:14-26).
Jesus acredita que todos podem se arrepender. Eles dizem: Esta pessoa
não tem jeito! Este não muda nunca! Pau que nasce torto morre torto! Bom, eu
não acredito que essa figura mudou, creio que está fingindo! “Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui,
Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho
defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.” (Lc 19:8) A proposta de Jesus frente aquela
multidão era que aqueles presentes pudessem entender que não ha vida que não
possa mudar com a presença Dele. De acordo
com a Lei mosaica, se um ladrão confessava voluntariamente seu crime, deveria
restituir o que havia roubado com um acréscimo de 20%
e levar uma oferta pela culpa ao Senhor (Lv 6:1-7).
Se havia roubado algo que não pudesse restituir, deveria ressarcir
quatro vezes o valor (Êx 22:1 ); e se havia sido
encontrado com os bens em questão, deveria ressarcir duas vezes o valor (Êx 22:4).
Zaqueu não discutiu os detalhes da Lei; em vez disso, se ofereceu para
pagar a indenização máxima, pois seu coração fora, verdadeiramente,
transformado. O filho de Deus nasce rico, pois compartilha de "Toda sorte
de bênção espiritual" (Ef 1:3) Temos as riquezas da
misericórdia e da graça de Deus (Ef 1:7; 2:4), bem
como as riquezas de sua glória (Fp 4:19) e de sua sabedoria
(Rm 11 :33). São todas
"insondáveis riquezas", que jamais poderão ser inteiramente
compreendidas ou completamente esgotadas (Ef 3:8).
O anfitrião tornou-se o convidado (v.6).
Jesus convidou-se
para visitar Zaqueu, e este, por sua vez, recebeu-o com alegria. A
alegria é um dos temas centrais do Evangelho
de Lucas, e esse termo, ou seus co-relatos, aparece pelo menos vinte
vezes ao longo do livro. Sem dúvida, a salvação deve produzir
alegria no coração do que crê. Zaqueu tornou-se um convidado na própria
casa, pois agora Jesus era seu Senhor. Dispôs-se
a obedecer e a fazer o que fosse preciso para dar um testemunho verdadeiro
diante do povo. Por certo, houve quem criticasse
Jesus por visitar a casa de um publicano (Lc
5:27-32), mas Jesus não atentou para
essas palavras. Os críticos também precisavam ser
salvos, mas não há evidência alguma de que tenham crido em Jesus.
Quando um dia começa, nunca sabemos como terminará. Para Zaqueu, aquele
dia terminou em alegre comunhão com o Filho
de Deus, pois o publicano havia sido transformado e tinha diante de si uma nova
vida. Jesus ainda procura os perdidos e deseja
ardentemente salvá-los. Você já foi encontrado?