Enchendo-se do Espírito Santo Ef 18-20
A estrutura final dessa passagem, constituem de dois imperativos
seguidos por quatro particípios, revela que esses quatro versos abrangem uma só
unidade de pensamento. Os quatros particípios modificam o imperativo
principal em 5.18 (Enchei-vos) e descrevem as quatros conseqüências de estar
cheio do Espírito Santo; cantando(5. 19a); sendo alegre(5.19b);
agradecido(5.20) e sujeitando-nos uns aos outros(5.21).
Toda essa seção (4.17- 5.21) contém uma serie de contrastes, começando
com antes e depois, contrapondo os gentios que, convertidos, vieram a conhecer
a Cristo. Outro contraste ocorre outra vez em 5.18 embriaguezes versus
plenitude espiritual.
I.
O sentido duplo do vinho — v. 18
"E não vos embriagueis com vinho, em
que há contenda". Temos aqui uma proibição e uma causa. A Bíblia fala de
vinho em três sentidos.
a)
Positivamente, o
vinho pode ser uma bebida saudável, e, nas regiões vinículas, serve para
alimentar e fortalecer fisicamente. Figuradamente, o vinho alegra, aformoseia o
rosto.
b)
Negativamente, o
vinho pode viciar a pessoa que o bebe e, assim, promover desordem moral e
física.
c)
O deus do vinho
era Baco. Havia em Éfeso um culto a ele, em que seus adoradores embriagavam-se
e incorriam em atos de dissolução. A palavra "contenda" fica melhor
traduzida por dissolução, que se entende por licenciosidade e desenfreio.
II.
A forma precisa do verbo “enchei-vos” (plhrousqe) é bastante
significativa por Quatro razoes:
1) É um imperativo. Uma ordem. Estar cheio do Espírito
não é uma opção ou uma sugestão tentadora, como se estivéssemos livres para
aceita-la ou não. Ela traz consigo um ônus urgente de grande importância.
2) Esta no plural. Aplica-se a todo o corpo de Cristo
coletivamente. O povo de Deus coletivamente, “deverá esta dão cheio de Deus,
através de seu espírito que nossa adoração e nossa casa deverão dar uma prova
cabal da presença do Espírito Santo”.
3) É um passivo. Desse modo poderia ser traduzido
como: “Deixe que o Espírito lhe encha” (NEB). Deveria haver tal abertura e
obediência ao Espírito Santo, que nada pudesse impedir que ele nos enchesse.
4)
É um tempo presente. Transmite a idéias
de uma ação contínua. Trata-se de um enchimento progressivo, isto é, ir enchendo até
transbordar. Russel N. Champlin, em seu O Novo Testamento interpretado (vol.
4, pág. 625), diz: "Um indivíduo pode ter preferência ou pelo vinho ou
pelo Espírito Santo, pois uma antítese está em foco aqui:
O vinho
degenera
|
O
Espírito Santo eleva;
|
O vinho conduz
ao deboche
|
O Espírito
Santo enobrece
|
O vinho nos
toma bestiais
|
O
Espírito Santo nos toma celestiais" (2 Co 3.18).
|
Assim como nosso corpo físico necessita uma
constante renovação, que é proporcionada pelo sono, boa alimentação etc., da
mesma forma o corpo de Cristo necessita uma constante renovação que se torna
possível pelo Espírito Santo.
5)
A razão para encher-se do Espírito — v. 18"... mas enchei-vos do Espírito". Paulo
apresenta uma fonte e uma causa de prazer muito mais forte e saudável que o
encher-se de vinho. Ele apresenta um vinho superior, capaz de dar um tipo de
alegria permanente, que é a alegria do Espírito. Os adeptos de Baco criam que
esse falso deus podia encher-lhes de sua força e influência. Por isso, Paulo
lhes apresenta o Deus verdadeiro, o único Deus poderoso, capaz de encher-lhes
de sabedoria e de toda a alegria. Alegria que jamais outro deus poderia
dar-lhes. "Enchei-vos do Espírito" é um convite e uma ordem para os
crentes efésios.
III.
Os efeitos do enchimento do Espírito — vv. 19,20
Se o encher-se de vinho conduz o homem ao
deboche e à degeneração, o encher-se do Espírito conduz o crente ao louvor e à
adoração a Deus. O versículo 19 fala de três tipos de louvor e adoração que
resultam de uma vida cheia do Espírito Santo.
a)
O primeiro tipo
fala de "salmos", referindo-se aos salmos de Davi, Asafe, Moisés, que
contêm expressões proféticas acerca do Messias etc. A palavra
"salmos" aparece no grego com o sentido de cânticos acompanhados por
harpa ou outro instrumento musical.
b)
O segundo tipo
fala de "hinos", que eram cânticos de louvor a Deus mas entoados
espontaneamente, vindos do coração.
c)
O terceiro tipo de louvor era
"cânticos espirituais". Esse tipo tem sido interpretado de duas
maneiras. Alguns acham que são aqueles cânticos poéticos regulares, previamente
preparados para o louvor. Outros interpretam como sendo os cânticos produzidos
no interior do espírito do crente cheio do Espírito Santo. Normalmente, o
crente batizado com o Espírito Santo entoa cânticos espirituais em línguas
estranhas, isto é, em línguas variadas, conforme o Espírito concede àquele
crente que fala ou canta. Esses cânticos espirituais são os cânticos do nosso
espírito interior louvando espontaneamente ao Senhor, sem a interferência da
inteligência, mas estritamente produzidos pelo Espírito Santo e ensinados ao
espírito interior do crente. Tertuliano descreve a festa do amor cristão,
quando cada pessoa era convidada a louvar a Deus, na presença dos outros, a
partir de tudo que conhecia sobre as
Sagradas escritura ou que sentia em seu próprio coração. (Apology, 39)
Ø ‘Cantai
alegremente a Deus, nossa fortaleza; erguei alegres vozes ao Deus de Jacó.’SL
81.1
Ø Vinde, cantemos
alegremente ao Senhor, cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação.
SL 95.1
Ø Que farei,
então? Cantarei salmos com o espírito, e cantarei também com o entendimento.
1CO 14.15
1. Ação de graças pela plenitude do Espírito — v. 20
O resultado natural no crente cheio do
Espírito Santo é a certeza de que nada do que possa fazer espiritualmente
depende dele mesmo. Mas o espírito de ação de graças habilita o crente a
testemunhar da bondade do Senhor. Quando estamos cheios do Espírito Santo,
aprendemos a dar "graças por tudo". A expressão "por tudo"
inclui a bonança e a tempestade; a saúde e a doença; a alegria e a tristeza.
Quando sabemos dar "graças por tudo", estamos aptos para conquistar a
vitória maior. Não apenas dar graças "em tudo", mas "por
tudo" (Rm 8.28). Esse tipo de ação de graças é uma forma de adoração a
Deus que resulta em bênçãos. Não há
espaço para a murmuração e queixas.
Ø
Rendei graças ao Senhor,
invocai o seu nome; fazei conhecidos entre os povos os seus feitos.1CR 16.8
Ø Bom é render graças ao Senhor, e cantar
louvores ao teu nome, ó Altíssimo, SL 92.1
Ø Comerás
e te fartarás, bendizendo ao Senhor teu
Deus pela boa terra que te deu. DT 8.10
Ø Sede
agradecidos ao Senhor CL 3.17
2. Resultados da plenitude do Espírito — v. 21
O versículo 21 mostra esse resultado
espiritual numa vida cheia do Espírito Santo, quando diz: "Sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Deus". A sujeição aqui tem sentido mútuo e
quebra todo o individualismo dentro do corpo de Cristo (a Igreja) que trabalha
em comunhão. Todos os membros desse corpo trabalham em unidade e sujeição. A
insubordinação traduz-se em rebelião contra Deus e contra a igreja como
comunidade (Fp 2.3). não é conveniente
que crentes sejam arrogantes ,
manipuladores ou controlem seus semelhantes ou mesmo que insistam em agir por
conta própria. Ao contrario crentes foram chamados para se humilhar e para sujeitarem-se “uns aos outros no temor
de Deus”.
Ø
A
soberba do homem o abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra. PV 29.23
Ø O dia do Senhor dos exércitos será contra todo
soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido; IS 2.12
Ø
Visto que dizes: Rico sou e estou enriquecido e de nada
tenho falta, e não sabes que tu és o coitado, miserável, e pobre, e cego e nu.
AP3.17