O mundanismo João 2 . 15-17
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não
vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas
aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.”
Todo crente precisa viver uma vida separada do mundo, para
que sua vida seja totalmente controlada pelo Espírito de Deus. Deus é Santo e
exige de nós santidade. Ser santo é ser separado das concupiscências deste
mundo. Satanás o deus deste século tem disseminando seus malefícios através da
falsa filosofia, heresia e da nova moralidade, a fim de embaraças os remidos
com as coisas deste mundo, impedindo ou prejudicando sua íntima comunhão com
Deus.
I.
MAS
QUE MUNDO É ESSE?
A.
Não esta em foco o mundo físico e seus objetos,
o autor sagrado não esta nos proibindo de apreciar a natureza e sua beleza, e
nem a abandonar as coisas físicas.
B.
Não se refere à ordem geral da criação, o mundo
dos universos
C.
Não se refere à humanidade, pois em algumas passagens,
também é chamada de mundo, pois o próprio Deus ama esse mundo (Jo 3. 16).
D.
Seu uso é ético e metafísico. Ele aponta em
parte para o mundo que se corrompeu com vícios, blasfêmias e a atitude que se
olvida de Deus. Mas, também aponta para o sistema do mundo, incluindo o cósmico
que é a revolta contra Deus. Esse
sistema cósmico esta sob o controle do maligno ( 1 Jo 2. 13). Quando alguém ama
os vícios deste mundo, torna-se escravo deste sistema
O mundo haverá de passar. Os mestres gnósticos ensinavam
isso; e o autor sagrado concordava eles ao menos nisso. Mas o individuo só pode
permanecer para sempre se estiver cumprindo a vontade de Deus. Isso se consegue
através da dedicação ao mundo eterno, e não ao mundo presente. Compete-nos
contemplar as coisas que são eternas, porquanto as coisas temporais não se
adaptam às necessidades da alma eterna
II. O
MUNDO É UM OBJETO INAPROPRIADO DO NOSSO AMOR
“Não ameis o mundo...” I Jo 2. 15. O primeiro e grande
mandamento – amar a Deus de todo o coração e de todas as forças (Mateus 22.
37). Trata-se de um alvo elevadíssimo, que pode ser atingido em parte enquanto
o homem ainda esta em seu estado mortal, mas sempre através da comunhão mística
com o divino. Os mestres gnósticos, (uma seita dos tempos dos apóstolos), em
sua licenciosidade, tinham chegado a amar ao mundo, embora professassem estar
separados do mesmo. Supunham inutilmente que suas almas não seriam afetadas,
embora seus corpos estivessem mergulhados na lama do mundo, tal como o ouro não
pode ser corrompido quando é mergulhado na lama. O autor sagrado mostra que o
amar ao mundo incapacita o individuo para amar, verdadeiramente, a Deus. Nesse
individuo não habita o amor de Deus. Ele já entregou o seu coração a um rei
estranho, tornando-se escravo deste último.
III. QUE
CONDIÇÃO CRITICA
“Se alguém amar o mundo o amor do Pai não estar nele.” essa
declaração é similar a do senhor Jesus: Ninguém pode servir a dois senhores;
porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar
o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (Mateus 6. 24). A alma não é
suficientemente grande para estar dividida em sua dedicação, parte a Deus e
parte ao mundo, ao mesmo tempo. Esses princípios são naturalmente antagônicos.
A alma que esta dividida contra si mesma finalmente cairá debaixo de seu
próprio peso, e em seu caso a inquirição espiritual ficara estagnada ou mesmo
será destruída. O “amor do pai” deve ser interpretado como “amor ao Pai”, e não
meramente o amor que ele nos confere, dirigindo-nos para as realidades
espirituais. O amor ao pai libera o amor ao próximo, pois o amor ao próximo é,
na realidade, uma forma de amor a Deus (Mateus 25. 35). Portanto, o amor a Deus
nos envolve no mundo; mas na capacidade de servir aos outros e não em
capacidade egoísta, em que só procurássemos cumprir nossos desejos pessoais.
“É impossível amar ao mundo e coexistir isso com o amor a
Deus; é impossível a coexistência entre a luz e as trevas (Filo).”
“... Por conseguinte devemos fugir da terra para os céus tão
rapidamente quanto possível; e fugir e tornarmo-nos como Deus, até onde isso é
possível. E tornarmo-nos como Deus é tornarmo-nos santos, justos e sábios.”
(taeteto, 126).
Quando nos ocupamos com o vão amor do mundo, fazemos voltar
todos os nossos pensamentos e afetos noutra direção; essa vaidade, antes de
tudo, deve ser arrancada de nós, a fim de que o amor de Deus reine em nós.
Enquanto nossas mentes não forem purificadas, a doutrina anterior (não amemos
ao mundo, mas a Deus) poderá ser repetida por cem vezes, sem qualquer efeito:
Seria como derramar água sobre uma esfera; não se pode recolher ali uma única
gota, porque há lugar côncavo que retenha a água ( Calvino)
IV. DETALHES
DO MUNDANISMO
O autor sagrado passa agora a enumerar os elementos
prejudiciais que há no mundo, aos quais não podemos amar; ou então aquele tipo
de mundo que não pode ser amado pelos discípulos de Cristo. É um mundo
caracterizado pela concupiscência, pelos desejos carnais pelo orgulho, pela
busca egoísta dos próprios interesses.
1.
CONCUPISCÊNCIA. O termo grego epithumia é repetido por duas vezes. Trata-se de um termo
comum para indicar desejos de qualquer espécie. O contexto em que essa palavra
é usada define seu tipo com freqüência era termo usado em sentido intensivo,
isto é ansiar, anelar, desejar ardentemente. E também era usado com um sentido
negativo , quando tinha o sentido de paixão maculadora, de concupiscência
carnal.
2.
CONCUPISCÊNCIA
DA CARNE. O autor sagrado
salienta agora, diretamente, os apetites sensuais, os desejos da carne e pela
carne. Os gnósticos licenciosos pensavam que poderiam ajudar ao sistema do
mundo na destruição do corpo, a prisão da alma, através de abusos contra o
mesmo, mediante excessos e perversões sexuais. Pensavam que, assim fazendo, em
nada se corromperia sua alma, mas antes, seria preparada para a fuga para longe
do corpo, a sede do pecado. Os escritores do NT sempre tomaram a posição de que
o corpo físico não é mal por si mesmo, mas tão somente vitima fácil do
principio do pecado, que parte do coração, do homem interior. Outrossim, a
consagração ao Senhor inclui, necessariamente, o corpo, pois é nosso veiculo de
expressão neste nível terreno da existência. Isso se vê claramente em Romanos
12. 1, 2: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso
culto racional.E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e
perfeita vontade de Deus.” Além disso, em 1 Coríntios 6, Paulo lamenta o uso errôneo
do corpo físico, que é templo do Espírito Santo. Visto ser seu templo ,
dificilmente pode ser usado para a pratica dos vícios pagãos permitindo-se que
as concupiscências egoístas ali residem. Afirma ali Paulo: “Fugi da
prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o
que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.”(1Co 6. 18). Paulo de a
entender que os pecados praticados contra o corpo, através da sensualidade
exagerada e depravada, são piores que os pecados comuns; exercem um efeito
especialmente daninho, corrompendo ao templo de Deus.
O NT adverte-nos contra a mentalidade que
pensa que o homem é um mero animal. A biologia natural reduz o homem à química e
à endocrinologia, e a psicologia naturalista vê o comportamento humano como
mero reflexo de um animal a seu meio ambiente. Mas o NT insiste em que o homem
é muito mais do que isso; e, por ser o homem, essencialmente, um espírito,
embora aprisionado no corpo, é responsável ao mundo eterno e espiritual.
Consideremos uma sociedade em que até mesmo
a propaganda de um automóvel requer apelos de natureza sexual. Consideremos até
que ponto temos ficado degradados quando a virgindade de uma jovem mínima é zombada
como um fenômeno social comparável ao
dos que cortam o cabelo bem rente ou a Billy Graham, conforme afirmou: Aquele
que se reduz ao nível animal terminará pó colher a retribuição própria de um
animal.
3.
CONCUPISCÊNCIA
DOS OLHOS. A visão especialmente no caso do homem é o portão de desejos ilícitos.
Mas a concupiscência dos olhos envolve mais do que isso, incluindo grande
variedade de satisfações. A preocupação exagerada pela própria aparência e
posição; o gosto excessivo pela exibição; o anelo pelo que é vulgar; a
distorção do senso natural do belo, mediante o amor ao grotesco.
Jesus advertiu contra a vista como
instrumento de tentação (Mateus 5. 27-29). O pecado da cobiça pode ser
destacado nesta expressão. Os olhos observam o que lhe é agradável, levando a
mente a cobiçar. O resultado é o desejo intenso. O olho jamais se satisfaz (Eclesiastes
1. 8), e quanto mais obtemos mais queremos. Observe que os vários desejos
mencionados sempre desviam o homem de Deus.
4.
SOBERBA
DA VIDA. Os homens fazem do próprio eu um deus; gastam tudo quanto possuem
dinheiro e energias, para o próprio eu. Esquecendo-se do principio do amor, do
serviço que deveria ser feito em favor do próximo. Buscam apenas a glorificação
própria; são pessoas de natureza fanfarra.
O termo aqui usado é alazoneia, pretensão arrogância,
jactância. Os homens buscam exaltação nas riquezas e na posição social, como também
de numerosos outros meios , talvez em supostas realizações espirituais, pois o
orgulho pode ter muitas manifestações sutis. Maomé dizia: Que tenho eu com os
confortos desta vida? O mundo e eu – que conexão há entrenós? De fato, o mundo
não é diferente de uma arvore para mim; quando o viajante descansa sob sua
sombra, passa adiante.
Existe aquela paixão egoísta de viver acima
dos outros e com conforto e lazer excessivos. Essa paixão conduz a várias
formas de ostentação, de impropriedades nas vestimentas e na maneira de viver.
Essas é a ...vida de vangloria – de presunção,
de desejos pelo louvor e pela deferência, pelo deleite de ser considerado
importante, de exercer autoridade sobre outros, de estar em primeiro plano;
todas as vaidades vazias da moda e dos costumes, dos títulos e ofícios ; de
uniformes e posição, das pequenas imposturas esnobes em cujas coisa os homens
caem... Não lhes importando que... Perante Deus, nada disso tenha qualquer
valor. O perverso e pequeno “ego” quer que subamos no palco , saracoteando,
agitando-nos e fazendo poses.
Cristo veio a fim de nos dar o remédio para tudo isso. Ele veio
do Pai; trouxe a mensagem vinda do outro mundo. O homem é um espírito localizado
neste plano terreno, na prisão do corpo físico, porque o merece. Contudo, o seu
destino é muitíssimo mais elevado do que isso. Todavia, jamais atingirá tal destino,
enquanto estiver amando ao mundo.