Vez
após vez as Escrituras insistem em dizer que basta simplesmente crer em Jesus
Cristo, João diz “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3:16); o apostolo Paulo disse; “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”. (At 16:31). Hebreus declara que "sem fé é impossível
agradar a Deus" (Hb 11:6). Paulo afirmou que "O mundo pela sua
sabedoria não conheceu a Deus" (1 Co 1:21, R-1BB). Contudo, Pedro instrui
os crentes a "responder", a dar a "razão" de sua fé. A fé e
a razão não se opõem entre si?
Para
soolucionar esse aparente problema podemos dizer que a fé e a razão não são
mutuamente exclusivas. Não se deve crer em alguma coisa sem antes verificar se
tal coisa é digna de ser objeto da nossa crença. Por exemplo, bem poucas
pessoas se submeteriam a uma grave operação médica por uma pessoa totalmente
desconhecida, de quem não se tenha informação alguma, a não ser a suspeita de
que seja um charlatão. Da mesma maneira, Deus não exige de nós que exerçamos
uma fé cega.
Como Deus é um Deus racional (Is 1:18), e como nos fez
criaturas racionais à sua imagem (Gn 1:27; Cl 3:10), ele quer que olhemos antes
de pularmos. Nenhuma pessoa racional deve pisar num elevador sem primeiro
constatar que nele há um piso. De igual modo, Deus quer que o nosso passo de fé
seja dado à luz da evidência, e não como um salto no escuro.
A Bíblia é cheia de exortações para que façamos uso da razão.
Jesus ordenou: "Amarás o
Senhor teu Deus... de todo o teu entendimento"
(Mt 22:37; grifos do autor em todas as citações aqui). Paulo disse
também: "tudo o que é verdadeiro,... nisso pensai" (Fp 4:8, R-IBB, SBTB). Paulo ainda "argumentava... com os
judeus" (At 17:17, R-IBB) e com os filósofos no Areópago (v. 22ss),
ganhando muitos para Cristo (v. 34). Os bispos foram instruídos a
"encorajar a outros pela sã doutrina e... refutar os que se
opõem a ela" (Tt 1:9, EC). Paulo declara ter sido "posto para defesa do evangelho" (Fp 1:17,
SBTB). Judas instou conosco para batalharmos
"diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos" (Jd 3, SBTB). E Pedro ordenou que estivéssemos "sempre
preparados para responder a
todo aquele que vos pedir razão da
esperança que há em vós" (1 Pe 3:15).
Há dois tipos de fé. O entendimento da relação entre esses
dois tipos é uma chave para discernirmos a relação que há entre a fé e a razão.
FÉ
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QUE
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EM
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Anterior
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Posterior
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Com evidência
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Sem evidência
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Mente
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Vontade
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Prova
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Persuasão
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Razão humana
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Espírito Santo
|
O
diabo crê que Deus existe, mas
ele não crê em Deus. A fé que está no
âmbito da mente funciona com base numa evidência que a razão humana pode ver. A
fé em Deus (em Cristo),
entretanto, é um ato da vontade humana, sob a persuasão do Espírito Santo.
Portanto, "crer que" nunca
salvará ninguém (cf. Tg 2:14-20) - somente crerem Cristo é que proporcionará isso.
Entretanto, nenhuma pessoa, por ser racional, deveria crer em
alguma coisa, a menos que primeiro tivesse evidências para crer que isso fosse verdadeiro.
Nenhum viajante sensível entra num avião que esteja com uma das asas quebrada.
Assim, a razão é válida como base para se crer que, mas é uma exigência errada para se crerem (cf. Jo
20:27-29).
Que possamos ter fé como teve abraão, veja o texto biblico
abaixo, e um pequeno resumo da fé que esse homem posuia;
“Porquanto
procede da fé o ser herdeiro, para que seja segundo a graça, a fim de que a
promessa seja firme a toda a descendência, não somente à que é da lei, mas
também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.”(Rom. 4.16).
QUAL TERIA SIDO O OBJETO DA
FÉ DE ABRAÃO? EM QUE SE TERIA ESCUDADO, AO EXERCER ESSA FÉ? CONSIDEREMOS OS PONTOS
ABAIXO:
1. Abraão creu que existe um Deus pessoal que se revela um Deus operador
de maravilhas, que tem o poder de produzir nova vida e salvação da alma.
2. Abraão creu que a promessa que lhe fora feita por Deus se cumpriria.
3. Abraão creu que essa promessa dizia respeito particularmente ao fato
de que a sua descendência se tornaria uma numerosa nação, - e que ele mesmo, espiritualmente falando, se tomaria
progenitor de todos os crentes, de todos os homens regenerados, incluindo a
igreja de Cristo.
4. Abraão confiou no tocante à promessa do nascimento de Isaque, e então,
posteriormente, confiou no tocante à sua ressurreição, uma vez que lsaque fosse
sacrificado. Tudo isso simbolizava Cristo.
5. Abraão se entregou genuinamente de alma ao principio divino, e é disso
que consiste a fé.
6. Ele pôde entrever a Cristo, e alegrou-se ante o conhecimento que
obteve de Cristo. Essa é a fé evangélica (ver João 8:56). Não sabemos até que
ponto era clara essa visão de Abraão, mas o fato é que ela envolvia
discernimento profético. Todas essas considerações capacitam-nos a entender que
o apóstolo Paulo asseverava ter havido, por parte de Abraão, uma fé do tipo evangélico, ainda que a fé dele deva
ser considerada - imperfeita, comparativamente com a revelação divina de que dispõem
os crentes atualmente.
Que em nossos dias
possa haver esse tipo de fé!
Referencias: R. N
Champlin, enciclopédia bíblica de teologia e filosofia; Norman Geisler e Thomas
Howe - Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia